“Oi sumidx”, sabe? Pois é, tem uns dois meses que não apareço por aqui e, infelizmente, nem tenho conseguido acompanhar os textos maravilhosos de pessoas que conheci através do Substack.
Hoje bateu a famosa fuckin’ culpa e eu vim aqui me explicar para as duas ou três pessoas que costumam ler aqui.
Dois meses atrás comecei a fazer um Ateliê de criação literária na Biblioteca de São Paulo, é um curso longo [vai até o final de outubro], são oito módulos, tendo cinco encontros cada, desde miniconto até romance, passando por crônica, poesia e, o atual, humor. E ainda rola ao final de cada módulo um, como eles chamam, encontro com o processo criativo, que é sempre com uma galera super gabaritada, tipo Mel Duarte, Marcelino Freire, Índigo Ayer, e por aí vai.
O Ateliê é gratuito e para participar precisava enviar dois textos, que peguei daqui e dei uma editada para não acharem que sou tão fuckin´dodói assim e, para minha surpresa, fui selecionado.
Minha ideia era, claro, aprender e praticar estilos tão versáteis que eu nunca havia experimentado, mas também colocar em prática o que foi dito na terapia: pensa como você pode se beneficiar dos efeitos da Ritalina no seu TDAH.
Bom, a psiquiatra chegou a conclusão que tive um efeito rebote e o que eu sentia virou texto aqui e até refletiu bastante na escrita no primeiro módulo do Ateliê. Parei o uso grazadeus e uma semana depois já me sentia o mesmo idiota de sempre bem melhor.
Outra coisa que, para mim, seria e está sendo fundamental é a oportunidade de socializar. Desde pouco antes da pandemia eu já estava bem meio cagado ruim nesse sentido e ter um desgoverno naquele período de tensão foi, digamos, um fator de potencialização para tudo de ruim.
Quando recebi o e-mail dizendo que eu havia sido selecionado para o Ateliê, no meio de uma sessão de terapia inclusive, fiquei contente por ter sido aprovado, mas também apreensivo: meu pior pesadelo seria ter que me apresentar no primeiro dia - e foi exatamente essa frase que eu disse, sendo o último a me apresentar porque eu estava sentado lááááá atrás isolado. Arranquei risos das pessoas com isso, e mais outras bobagens que eu disse, e sigo fazendo isso quase que sempre que tenho que ler ou falar algo - e não é proposital, é só o meu jeito [¯\_(ツ)_/¯].
Tem sido desafiador o convívio, são dois encontros de três horas por semana, mas tenho sobrevivido - white people problems, né, eu sei, mas para meu cérebro atípico é uma batalha todas as vezes.
Esse espaço mesmo, que começou em 23 de dezembro de 2023, e parece que foi ontem que na terapia fui provocado a, quem sabe, voltar a escrever.
Vai soar bem clichê agradecer quem ainda insiste em ler aqui, mas paciência kkkrying
Queria fazer uma coisa bonita como vocês fazem de dar dicas de coisas, como a Sue faz tão bem no troço absurdo e fascinante dela, mas eu sou bem meio tosco e não sei então vou continuar o texto e vocês finjam que tem uma diagramação bacanuda aí coisa e tal.
Tenho lido uma média de três livros ao mesmo tempo, é meio surreal isso porque na pandemia eu simplesmente não conseguia chegar ao fim de uma página sem ter que ler ela de novo três vezes. Eu sei, foi uma época horrível e ainda bem que passou ou “passou”.
Eu preciso confessar que estou apaixonado por Mariana Salomão Carrara. Ponto.
Fiquei encantado lendo “Se deus me chamar não vou” [2019] e anotando frases que a narradora, uma menina de 11 anos, dizia e eu simplesmente pensava: “gente, sou eu falando”.
Agora, estou lendo “Não fossem as sílabas do sábado” [2022] e tô naquele ritual de não ler tanto para o livro não acabar, sabe?! Ao mesmo tempo que trata de luto, tem uma leveza pelo tipo de humor colocado de uma forma tão sutil, que não queria que acabasse nunca. Eu li esses dias que vai virar peça de teatro e, nossa, completamente consigo visualizar isso. Eu devo acabar o livro hoje, até porque tenho que devolver amanhã na biblioteca, mas vou atrás do “É sempre a hora da nossa morte amém” [2021] para superar o luto - e porque, confesso, estou obcecado pela Mari Carrara.
Outro livro que fiquei hipnotizado do começo ao fim e li esses dias foi “AvóDezanove e o segredo do soviético” [2010], do escritor angolano Ondjaki.
Curiosamente, ele também é narrado por uma criança e tem um tempero especial que é o português com um bué de palavras diferentes do nosso. A leitura fica ainda mais fixe!
Bom, pessoinhas, espero voltar logo aqui, posso dizer que tenho escrito muito no Ateliê e que, quem sabe, mais para frente isso vai se refletir aqui.
Vlw flw
ps* eu adooooooro um meme vintage, quem não se lembra da nossa querida Deborah Secco no finado Twitter em 2014 - parece que foi, ai, Gabi, só quem viveu sabe…
Aaaa cheguei agr mas já amei, vou maratonar seus textos aqui na substack e aguardar os próximos!😊😊 enquanto isso vou só anotando as indicações de livros pra já deixar na minha listinha de desejos
FUI CITADA ESTOU MUITO LIJONJEADAAAA! Yuri, que coisa maravilhosa o teu relato e a tua experiência tão densa de reecontro com a escrita, com a literatura e contigo mesmo. Esses clichés inéditos são muito bem vindos no meu email. Obrigada pela troca de ideias 🫶