Não sei se alguém se lembra que ali para 2007, no auge do emo no Brasil, havia uma subcultura que era chamada de scene.
Haviam as scene queens, que eram praticamente as influencers da época, só que elas usavam o MySpace - amigo Tom sdds.
O corte de cabelo usado era o chamado From UK e por aqui [e, principalmente, no Chile] começaram a aparecer umas adeptas no finado Fotolog.
Eu já tinha 30 anos na época e me achava suuuuuuper adulto [spoiler: não era!] e toda essa moda eu julgava uma bobagem adolescente - e talvez era, do mesmo jeito que os mais velhos lá para 1991, 1992, não entendiam minha obsessão por Guns N´Roses e Sepultura - In Max We Trust era, praticamente, meu lema.
Hoje vejo que o emo talvez tenha sido o último levante de contracultura no rock e bandas como My Chemical Romance, Panic! At The Disco e Fallout Boy, tiveram [ou ainda têm, dadas as devidas proporções], o mesmo peso que, dentro de suas épocas quando apareceram, nomes como Rolling Stones, Led Zeppelin, Black Sabbath, The Smiths, The Cure, Iron Maiden, Metallica, Van Halen, Guns N´Roses, Sepultura, Nirvana, Alice In Chains, Soundgarden, Pearl Jam, Rage Against The Machine, Green Day e System Of A Down.
Não estou falando de gosto pessoal, mas no sentido de fazer um estrago mesmo; sair do underground e bagunçar a normalidade, afetar não somente suas bolhas, mas atingir um grande público acostumado mais a banalidades.
Me lembro, por exemplo, de quando o grunge surgiu e saíam matérias em todos lugares, de Fantástico à Revista Capricho - o que deixava o adolescente rebelde aqui, no alto de seus, talvez 15, 16 anos, bem revoltado e achando que era tudo moda-coisa-de-boy.
![](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F0000b679-e750-47a8-b031-7372abc7ee46_461x620.png)
Tsc, tsc… Por essas e outras que o rock quase não atinge os jovens hoje, o roqueiro [seja ele mais pro lado do alternativo, do hard rock, heavy metal, ou qualquer subgênero], ele tem uma postura conservadora que as novas gerações não estão assimilando.
Não sei quando foi a última vez que surgiu uma grande banda de rock, fato é que nenhuma repetiu o feito do Nirvana, por exemplo, mas é por isso que acho que o emo foi o último grito do rock - adolescentes incomodando gente de sua idade, seus pais, professores e conservadores em geral, tanto pela música, quanto pela atitude e jeito de se vestir.
A aparência do emo era algo que hoje, 2024, deixaria muita gente horrorizada sobretudo pela androginia do visual.
Falei tudo isso para contar que ontem indo ao posto de saúde [Viva o SUS!] pegar minhas primeiras cartelas de clomipramina [boa sorte a todxs envolvidx inclusive!], vi uma jovem sair correndo de dentro de uma escola e me chamou atenção seu belo penteado From UK!
Na mesma hora pensei, “nossa, será que voltou essa moda?”, e a resposta a menina me deu sem saber: ela entrou correndo num busão!
Se a moda scene voltou, eu não sei, mas pra onde ela tá indo eu posso dizer: Cangaíba - ao menos era o que dizia o letreiro do ônibus.
ps* tornei pública uma playlist que eu tinha intitulada In Max We Trust , cujo tema é o Cavalera mais amado do Brasil, que não vai interessar absolutamente ninguém, mas vou deixar ela aqui só porque sim.