Mudei mais uma vez a foto do meu perfil. Nem me lembro qual foi a primeira, a segunda era um retrato meu quando criança nos anos 1980 numa festa junina da escola; estou devidamente trajado para a ocasião e, como sempre, desconfortável encarando a câmera.
- Você não sorri nunca?, me perguntam há mais de 40 anos, e a resposta sempre foi a mesma: eu não sei sorrir! ¯\_(ツ)_/¯
A terceira foto misturava épocas diferentes: uma Hello Kitty que ganhei da minha madrinha também lá na década de 80 com um patch com a caveira do banda horror punk Misfits, presente de um conhecido que pedi para minha mãe costurar em uma bermuda lá nos idos de 1999.
O quê essas fotos têm em comum é o mesmo que a do protetor de cabo no formato de cabeça de gatinho que acabei de colocar: nenhuma delas há um sorriso.
Elas realmente não foram escolhidas pensando nisso, nessa quase ausência de boca, então talvez a resposta esteja no meu subconsciente.
Meu cérebro inquieto me leva a tentar acompanhar fisicamente seu ritmo e aí, quem sabe, esteja uma pista da intensa troca de fotos.
Uma coisa posso afirmar: eu não sei qual lugar somente eu posso ocupar.
Definitivamente deve haver alguma coisa que só eu possa ver, mas por mais que eu tente seguir esse caminho raciocínio, parece que mais me perco confuso fico. E isso é triste, me deixa muito triste.
Enquanto escrevo esse texto, mesmo sem dar play, o duo dark wave Lebanon Hanover está em algum cantinho da minha cabeça dizendo: Sadness is rebellion.
A música foi lançada em 2013, no disco Tomb For Two, e provavelmente é a frase mais anti-positividade tóxica já escrita.
Imagine o povo influencer postando no Instagram o #lookdodia abaixo - com a mesma felicidade, claro!
Uma vez eu vi para vender uma almofada que dizia: aqui a tristeza pula de alegria e aquela frase bugou minha mente e, por algum motivo, ficou guardada em algum canto do labirinto do meu cérebro onde as ideias vivem se perdendo - e, aparentemente, eu só encontro as inúteis.
Enfim, #partiu fazer uma rebelião!
- Solta aquela que machuca, DJ!
You say nostalgia is negation
It can’t go on like that, it will all end
Contentment to be in nature
And kindness is still so hard to find
Sadness is rebellion
And self hate only respect
There is waves, waves of resistance
Somewhere out there
But there’s not enough of them
Those graves are such a temptation
If we don’t press rewind, it will all end
You say popular music is contamination
It won’t stop if the public is too blind
Sensitivity almost a sensation
In a world of cruel and simple minds
May teardrops be our revolution
In confusion, we will connect
There is waves, waves of resistance
I can feel them but I never hear of them
There is waves, waves of resistance
The critical minds there is
Not enough of them
ps* poderia ter sido em 1980, mas a suíça Larissa Iceglass e o britânico William Maybelline montaram o Lebanon Hanover em 2010 e desde então o levante da melancolia está em ação.
Lendo o post me descobri uma pessoa em constante rebelião hauhauha
Dá uma pausa nessa galera e bota Celia Cruz pra tocar. Mostra que tu é intenso. (Eu só consigo te ler com o Holden na cabeça e isso é ótimo!)